13 de ago. de 2009

Coisas sobre o Corinthians - Post doado.



Com muito prazer estou postando um texto do "Grande Figura Baiana" Camilo Aggio. Corintiano safado e com grande talento pra escrita. Acho que ele devia pensar em fazer jornalismo.hehehehe

O que não pode fazer o discurso....

Não há dúvidas que o atual presidente de Corinthians, Andrés Sanchez, tem feito um excelente trabalho desde a conquista da Série B, resgatando o clube para a elite do futebol brasileiro e conquistando os dois primeiro campeonatos disputados em 2009, o paulista e a Copa do Brasil. O atual presidente ainda ganha mais respaldo se considerarmos a gestão que o antecedeu, imersa em podridão conduzida por Alberto Dualib. Bom, no entanto, os últimos eventos acontecidos no decorrer do Campeonato Brasileiro parecem o embrião ou o prenúncio de uma catástrofe.

Me explico: Com a venda de três peças fundamentais, o Corinthians perdeu praticamente seu tripé de sustentação. Para qualquer médio entendedor de futebol, era mais do que claro que o Corinthians não tinha um grande time em se tratado de peças individuais. Tinha um elenco conciso e brilhantemente entrosado que estava jogando um futebol quase impecável taticamente. A perda de André Santos, Cristian e Douglas, fez o Corinthians perder, em apenas duas semanas, poder de marcação, contra-ataque e criação no meio de campo. Nunca existiu peça de reposição a altura no banco de reservas, vide as contratações incompreensíveis de Morais, Souza, Bill, etc.

Bom, as justificativas de base para tanto são simples: as ofertas eram muito tentadoras, os jogadores queriam de fato jogar na Europa e ganhar o triplo em salário e luvas, além do mais, o clube precisava do dinheiro para sanar dívidas contraídas ao longo de anos de gestões irresponsáveis. Esses são os pontos de justificativa corriqueiros do atual presidente, que inclusive os externa com agressividade e impaciência.

Vá lá que as transferências se justificam bem nesses quesitos, no entanto, as amenizações que o presidente tem usado é que faltam em coerência. Logo após as vendas, o Corinthians ainda ocupava o G4. Depois perdeu Ronaldo contundido e saiu da zona dos 4 primeiros colocados. O presidente diz, impacientemente em entrevistas: “Ainda temos um time na 5° colocação, gente!”. Depois de 5 rodadas, a impaciência continua mas a ponderação muda de lugar na tabela: “Que é isso gente??? Ainda temos um time competitivo. Um time de meio de tabela!”. Bem, do jeito que a coisa anda, com a lentidão nos processos de contratação e um time visivelmente incapaz de jogar uma Série A, logo, logo, Sanchez vai dizer, impacientemente: “O que é isso, pessoal?? O Corinthians está a 2 pontos da zona do rebaixamento! É um absurdo pensar, a essa altura, com tamanha distância, que vamos ser rebaixados!!”. Pelo menos é o que o percurso cronológico do discurso do presidente indica. A justificativa? Libertadores no centenário! O objetivo do ano está cumprido. Contentem-se torcedores e aturem o sofrimento no Brasileirão da Série A.

E é aí que a bomba começa a ser construída. Vai lá que reforços de peso como Riquelme cheguem e o Corinthians monte um time forte para a Libertadores. O que uma torcida que teve que engolir uma péssima campanha no Brasileiro com a justificativa de que a Libertadores era a prioridade vai querer? O título, é óbvio. Mas um título cuja expectativa foi “superlativizada”, exagerada ao extremo, e atinge o estatuto de obrigação. Pensar na possibilidade de não conseguir levantar a taça é praticamente inexistente. Aí o grande problema: Times fortes e entrosados, por si só, não ganham campeonatos. Essa é a magia do futebol e talvez sua marca característica que o difere de muitos esportes: a imprevisibilidade. Exemplos temos de sobra, vide a “injustiça” que acometeu o mestre Telê Santana em 82.

Quem não se lembra do que os torcedores fizeram quando o Corinthians foi eliminado da Libertadores em pleno o Pacaembú pelo River Plate. E olha que tinha um timão, com Tevez e Nilmar na frente. Imaginem como será a reação dessa torcida, que engole um time capenga desistindo do Campeonato Brasileiro com uma tácita promessa de um título sul-americano inédito para o clube? Vai ter jogador enforcado em praça pública, sede queimada, dirigentes chamuscados. Praticamente uma reinvenção da queda de Bastilha, se me permitem o exagero. Daí, será que os dirigentes e a imprensa não olharão para trás e ponderarão: Não seria melhor se o clube pensasse em uma coisa de cada vez? Fizesse o esforço de manter um bom elenco para disputar o Brasileiro e encarar a Libertadores com mais sobriedade, ponderação e serenidade, inclusive tendo a responsabilidade de tratar a questão com maior realismo?

Como bom e eterno corintiano que sou, torço demais para estar errado. No entanto, pelo curso dos eventos, é impossível não vislumbrar uma paisagem tão catastrófica. São especulações, lógico. Mas não sem um potencial prospectivo. Se o Corinthians não pretende mudar a estratégia, que pelo menos mude o discurso e evite eventos tão pouco desejáveis para o futebol brasileiro.


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Não é? ou não é ou não é? ééééééé